INKISIÇÃO - Punk em Portugal (1988*1995)
No passado mês de Julho de 2006 a revista “Loud!” publicou um comentário a um CD que me surpreendeu imenso, só não percebi o porquê de não ter tido qualquer tipo de classificação, será por ser uma banda Portuguesa??? Meus amigos, eu pensei que já tinha-mos ultrapassado essa fase há muito tempo mas pelos vistos enganei-me, será que o escriba dessa review preferiu não atribuir qualquer tipo de classificação a dar um parecer negativo??? Estou a falar do CD dos INKISIÇÃO “1988*1995” que reúne 30 músicas desde meados de 1988 até 1995, num total de 75 minutos. Lançamentos como este são de louvar, seria óptimo que outras bandas Portuguesas tivessem iniciativas semelhantes para que todos estes registos não se percam com o tempo. Um CD aconselhável a qualquer amante de música Punk, especialmente todos aqueles que viveram intensamente aquela louca decada de 80.
Ora bem eu andei mais uma vez a vasculhar os meus baús do Heavy Metal Nacional aqui por casa no entanto não encontrei grande coisa sobre esta banda, apenas encontrei um flyer antigo da banda mas também agora não temos com que nos preocupar pois temos este CD que reúne um pouco (muito por sinal!) da história e do som (que é o mais importante!) da banda.
Ora bem eu andei mais uma vez a vasculhar os meus baús do Heavy Metal Nacional aqui por casa no entanto não encontrei grande coisa sobre esta banda, apenas encontrei um flyer antigo da banda mas também agora não temos com que nos preocupar pois temos este CD que reúne um pouco (muito por sinal!) da história e do som (que é o mais importante!) da banda.
2 Comments:
Os Inkisição deram um bom exemplo aos jovens aveirenses menos dados aos tiques burgueses da cidade. Aveiro foi e será sempre uma linda cidade de gente ambiciosa e de uma maneira geral egoísta e ultra conservadora. Aparentemente nada há de mal nisto, dado que não é seu exclusivo. Mas crescer num local assim deixa marcas. Os Inkisição demonstraram ter a estaleca necessária para deixar marcas e um certo legado. Claro que não foram os únicos. Como em todas as cenas localizadas, as bandas criam cliques - a dos Inkisição foi de certa maneira herdada da dos veteranos Cagalhões, que sinceramente só viviam da fama e da atitude de mauzões - Mosca e companhia não eram grandes "executantes" e talhavam o seu ultra punk "à chapada". No meio deste estardalhaço todo gerou-se uma guerra surda e episódica com o outro lado das bandas rivais de Aveiro - os metalcore Born To Lose, de Esgueira/Caião (fanáticos de Motorhead, Discharge, Venom e Hellhammer) e os excelentes Ratos da Ria, trupe que incluía pessoal de Esgueira, Aveiro e também da Palhaça e Amoreira da Gandra (!!??). Nesta batalha impossível para dominar a cena dura da música de Aveiro ao longo de toda a década de 80 (81-89), os Ratos da Ria eram os melhores músicos (Parreira e Palhaça eram dois guitarristas de estalo, o Paruca um incrível baterista à maneira de Felix Griffin dos DRI mas com variações dignas de Lombardo, enquanto que o Nuno era um baixista que aprendera pela cartilha de Dan Lilker e o Carlos Cave um vocalista com a verve toda, com uma imagem parecida com um Mark E Smith teenager e uma voz sugestiva do estilo de Stiv Bators (Dead Boys) e Dave Vanian(Damned)). Já os Born to Lose foram um caso diferente - com uma secção rítmica inicial que suara toda a inspiração anfetamínica de coisas como "White Line Fever", "Overkill" e "Bomber"(Palhares e Silva, batterya e baixo/guitarra), tiveram primeiro o único vocalista que conheci que não precisava de microfone para cantar sobre o som dos instrumentos - o Husdelberg Mateus, do Caião, um ser difícil de descrever (imagine-se um cruzamento anafado de Iggy Stooge com Dave Hlubek dos Molly Hatchett...e umas pitadas do Killjoy dos Necrophagia!); gravaram a demo "Não vai lá!", que para além desse molotov à maneira dos Discharge tinha coisas como "Gaijas", "Presidente/Puta que pariu o ano velho e o ano novo..." e outras que roçavam o noise surrealista ("yes and noisen..."). Na 2ª fase da banda, já com o vozeirão do Federado (entre o Lemmy e o Gonzo, aos 17 anos, mas com mais força!!) e a guitarra muito "eddyclarke" do Paulo Pacheco (futuro CRUEL HATE!), os Born to Lose gravaram a tape "Volume 11", cheia de temas metal puro e duro, mostrando as suas influências mais ortodoxas, desde Judas Priest, Black Sabbath, Ozzy com Randy Rhoades, Motorhead - sempre!- Manilla Road, e ainda aqui e ali, uma réstia de punk-core, sobretudo Discharge, Anti-Nowhere League. Desnecessário será dizer que não tinham as melhores simpatias, porque não se apresentavam com picos e correntes e no festival de encerramento do ano lectivo de 1984 da Secundária nº1 - onde não estudavam!- tiveram tempo de deixar o público estarrecido pelo power do seu som - e de mandar bem alto o C.Directivo àquela parte cabeluda quando estes lhes mandaram cortar o som. Acabaram oficialmente no dia do Live Aid, com uma festa em Cacia que tinha como principal atracção a banda, um pequeno grupo de convidados e muitas...garrafas de Smirnoff que rapidamente se evaporaram. Em Outubro nascia na Rádio Independente de Aveiro o programa Noites Metálicas...
É claro que os Inkisição encontraram melhores ventos favoráveis e souberam-nos utilizar como ninguém. No futuro, Aveiro haveria ainda de deitar cartas com os CRUEL HATE e AGONIZING TERROR (apesar de tudo... ... ...!!). É por isso que não se podem esquecer os anos 80 aveirenses. Tive o prazer de confraternizar com o Píncaro, um indivíduo bem mais polido e completo do que a imagem poderia sugerir, por isso, "hail to you brother, wherever you may wander!". "Metal's up! Up the Irons and may the godz of light be with you!".
Nas noites que passamos no Ramona e no Convívio ao Domingo, ficou a recordação de um Píncaro tão querido, que ainda hoje o amo.
Amava a sua rebeldia, o seu ar metido consigo, nunca se metia com ninguém, sempre na dele.
o Píncaro está a fazer anos que nasceu, e essa data que eu quero celebrar, levando-te flores, as mais lindas, porque tu mereces...
que a aventura do Espírito continue, eu acredito.
Ainda há dias sonhei com o Píncaro, já lá vão 16 anos. tal como os Inkisição dizem numa música, estou a recordar ..."Amigos de uma vida breve". Eu não me canso do Píncaro, nunca, porquê não digo...adivinhem! quanto ao Sérgio, não tive o privilégio de o conhecer, infelizmente, a brevidade de suas existências não permitiu.
Um abraço para os amigos dos INKISIÇão, Mesquita, João Emílio, Carla, etc......
Aquele Abraço , Sandra
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